quinta-feira, 10 de julho de 2008

O benefício da falta de tempo

Leia esse post ouvindo: Tempo Perdido - Legião Urbana


Quem acompanha o blog já percebeu que o autor adora reclamar da falta de tempo. Mas, depois de muito pensar e refletir, cheguei a conclusão de que essa falta pode não ser tão ruim como eu venho pregando. Até ter tempo insuficiente pra se fazer o que quer pode ser algo bom.


Ih, o garoto bateu a cabeça... Lá vem mais uma teoria maluca...


Quais seriam os efeitos colaterais positivos dessa minha vida corrida? Por enquanto, eu só sei um. Quando você não dispõe de muito tempo para fazer aquilo que gosta, passa a aproveitar mais intensamente cada momento da vida.


Por exemplo, uma simples conversa com os pais. Até ano passado, conversar com meus pais era algo enfadonho. Eu sempre pedia algo e eles sempre davam dura por algo que fiz. [Ou deixei de fazer...] Agora a situação é diferente. Peço menos, agradeço mais. Eles parecem me compreender um pouco mais. As discussões são cada vez mais raras. Tempos atrás, conversar com eles era sofrido. Hoje é uma necessidade.


Brincar com os primos mais novos. Eu nunca tive muita paciência com eles. O que é um absurdo, pois quando era menor eu era um pentelho. E, o que é tristemente cômico, hoje eu sinto saudade de quando passava as tardes brincando de carrinho e jogando bola com eles. Eu ficava cansado, mas ver o sorriso no rosto de um garoto de 3 anos era a melhor coisa do mundo. Não tem cansaço que supere a sensação de ter feito alguém que você gosta feliz.


Ler. Eu leio muito - revistas, blogs, o material didático... Mas onde estão os livros? O último que li foi "Um Estranho no Espelho" há mais de dois meses. Prender-me a uma história que me permita sair desse meu "mundinho vestibulandístico" e viajar para mundos distantes, sem sair do sofá. Justo agora que as viagens ficaram mais atraentes, estão tão distantes. [Presumo que a ausência delas é que tenha feito com que ficassem tão atraentes...]


As poucas horas semanais passadas com a namorada. O tempo com ela é cronometrado, então é preciso aproveitar cada segundo ao seu lado. Nesse curto intervalo, tento fazê-la feliz assim como ela me faz. Uma tarefa difícil, já que essa garota faz com que eu me sinta o cara mais feliz do mundo. Mas eu não meço esforços para que ela também se sinta assim - e creio que seja por isso que nos damos tão bem.


Observando melhor, esta falta de tempo realmente pode trazer benefícios. Dizer isso é algo incrível. Mais incrível ainda é perceber que estou sendo sincero ao dizê-lo. Esta é uma prova cabal de que tudo que acontece em nossa vida [Tudo mesmo, sem exceções] tem um lado bom. Cabe a nós analisarmos os acontecimentos na perspectiva "correta".


Alegre-se! Tudo tem um lado bom! Inclusive esse post. Então, comente-o!

sábado, 5 de julho de 2008

Miséria, risos e revolta

[Leia esse post ouvindo: Retrato de um Playboy - Gabriel, O Pensador]


Aula de geografia. Para diversificar o professor passa um documentário sobre globalização. No filme, é mostrado o lado mais cruel e perverso desse fenômeno: a desigualdade social gritante, as pessoas passando fome na África, Ásia e América Latina, as muralhas construídas para impedir a entrada de imigrantes...


Num certo momento do filme aparece uma entrevista com um homem sem teto. A fala dele: "Diz que a gente vale o que tem na bolso. Agora eu posso falar que não valho nada, porque não tenho nem um centavo."


Pausa.


Imaginem qual foi a reação de meus inteligentes e socialmente responsáveis coleguinhas de classe? Os FILHOS DA PUTA começaram a rir. Eu devo ser um completo idiota mesmo. Fui um dos únicos que não entendeu a "piada". Uma pessoa alega que não tem nada, nem o suficiente para a sobrevivência e os camaradas riem. Mais triste do que não ter nada, é a pessoa se sentir um nada. Perceber que a vida humana, algo de valor inestimável, foi tida como algo inútil foi um "chute no saco" pra mim. [Para meus colegas essa constatação pareceu divertida...]


Ao ouvir a declaração do homem fui tomado por uma sensação de impotência. Assim como ele, milhões de pessoas não tem nada. Uma casa para morar, uma cama para descansar, algo para comer. É óbvio que eu posso fazer algo por essas pessoas. Mas o que eu realmente faço? Sempre reclamando da falta de tempo, sempre fechado no meu mundinho reclamando de tudo e todos, incapaz de olhar para o lado e reconhecer que tem um ser humano ali, precisando da minha ajuda.


Num segundo momento, fui tomado por uma raiva incontrolável. [Raiva que continuo sentindo enquanto escrevo este post.] A pessoa naquela situação miserável e os filhinhos de papai, que nunca sentiram [e provavelmente nunca sentirão] um drama parecido, rindo da situação. A minha vontade foi de bater em cada um. De ter o poder de colocá-los apenas por um dia, na mesma situação daquele cidadão para ver quantas risadas eles dariam se não tivessem o que comer nem onde dormir.


Ver a situação deplorável de diversos seres humanos apresentados no documentário, foi algo muito triste. Pior ainda foi perceber que, ao ver a terrível situação em que se encontravam essas pessoas, a única coisa que meus colegas fizeram foi rir.


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